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segunda-feira, 12 de março de 2012

Resposta às Trevas


I - Dedico este texto aos tarefeiros do bem, de todas as correntes de pensamento.

Há os que realizam passes, práticas bioenergéticas, Apometria, consolação, esclarecimento, cura, conselho fraterno. Há os que escrevem livros, ministram aulas e proferem palestras. Não importa como prestamos assistência ao próximo, desde que o façamos com dignidade e honestidade de propósito. Estamos na mesma condição: vivemos em mundo de provas e expiações, somos falíveis, cheios de defeitos, em busca de reforma íntima e de servir à humanidade.

Um dia chega um espírito obsessor de uma manada de assediadores extrafísicos. Aponta o dedo para o nosso repertório de erros, praticados nesta e em outras reencarnações — como se o obsessor tivesse errado menos.

Nessas horas temos de dar uma resposta à altura — não é para convencer o obsessor, mas para proteger nossa própria auto-estima de assédios morais que, muitas vezes, levam a pique preciosas oportunidades de melhoramento íntimo e projetos coletivos em benefício de toda a sociedade.

Este texto é genérico e, portanto, possui as limitações da generalidade. Porém, fornece argumentos lógicos e honestos, complementados por notas de fim.


II - Sim, pratico muitos erros — alguns até lúcidos —, mas reencarnei com coragem e estou aqui na luta, errando ainda, mas acertando também (1).

Sim, tenho minha “folha corrida” de defeitos, mas estou aqui enfrentando, na marra, os desafios da reencarnação, enquanto você continua neste atraso de vida, acumulando débito, perseguindo os que estão reencarnados (2).

Sim, sou um velho espírito em novo corpo, mas não sou a mesma pessoa que você me conheceu séculos atrás (3).

Sim, tenho medo, vergonha e vacilo na auto-estima e no perdão, mas embora falhe, procuro dar o exemplo com minhas atitudes — não doutrino ninguém, nem peço a outrem para fazer o que não consigo (4).

Sim, às vezes cometo velhos erros, mas não sou o mesmo. Mudei a mim mesmo e mudei meu projeto de vida. Só mudará amanhã quem tenta hoje (5).

Sim, minhas fissuras cármicas são muitas. Se sou vítima, sou vítima de mim mesmo. Mas, pelo menos, não mais prejudico ninguém por perversidade (6).

Sim, minha ignorância é patente e minha teimosia também, mas tenho estudado bastante e, mesmo ainda vulnerável a armadilhas do ego, sirvo à humanidade à minha maneira (7).

Sim, tenho momentos de hipocrisia, mas nem tanto quanto as trevas e seus assediadores, que optaram por insistir no mal e sabem do mal que praticam, em desafio inócuo à Lei Eterna, à qual me submeto da forma que posso (8).

Sim, às vezes fujo das minhas responsabilidades e da realidade que me cerca, escondo-me no ócio, na preguiça ou no vício. Mas persisto, volto à luta por dignificar a vida e a esperança de mim mesmo (9).

Sim, nem sempre estou em paz comigo mesmo, nem sempre tenho discernimento, nem sempre faço a escolha mais ponderada, mas não vivo preso ao ódio e entregue a projetos de vingança (10).

Sim, tenho momentos de blasfêmia e xingamento. Mas também tenho, em meu íntimo, melhorado na prática da gratidão, do perdão e do amor ao próximo (11).

Sim, ainda tenho atitudes de arrogância, orgulho, egoísmo e vaidade, mas já consigo vivenciar momentos de sincera modéstia e humildade sadia (12).

Sim, não sou boníssimo, mas não tenho má índole. Melhor caminhar em câmera lenta para frente do que estagnar ou caminhar para trás (13).

Sim, não estou no “céu”, nem o mereço, mas já sintonizo com ambientes mais elevados do que aqueles com os quais tinha afinidade em meu passado mulimilenar ou mesmo recente (14).

Sim, sou fraco, mas enfrento, assim mesmo, as vicissitudes da vida e ajudo meus companheiros de jornada evolutiva, pondo em prática alguns bons exemplos de conduta, frutos da minha perseverança no melhoramento íntimo (15).

Sim, estou sempre tentando, de novo. Às vezes, fracasso. Tenho minhas recaídas. Mas persisto. Há tempos reneguei o fracasso maior de teimar na prática do mal lúcido e consciente (16).

Apesar de meus erros, não perco meu tempo monitorando a desgraça alheia. Foco minhas energias em melhorar, o que, inexoravelmente, conseguirei (17).


III - Este texto-resposta foi criado pensando nos obreiros anônimos dos centros, templos, casas, lojas e institutos, de cunho religioso, esotérico ou espiritualista.

É preferível errar — com o perdão da expressão chula — sendo “meia-boca” ao trilhar o caminho do bem do que primar pela excelência na prática do mal (esta, sim, é o maior empecilho à evolução inexorável do espírito, o maior gesto de fraqueza e estupidez que alguém pode ter).

Magos negros e seus asseclas baixam em casas de assistência, listam o cabedal de erros e incoerências dos obreiros, sem ouvirem uma refutação substancial e realista.

Não adianta apenas repetir à exaustão frases de efeito tiradas do Evangelho. Sejamos contundentes quando necessário e, ao mesmo tempo, lembremos que melhorar a si próprio é uma escolha de foro íntimo, que depende da nossa perseverança.

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NOTAS:

(1) Erro lúcido não se confunde com a consciente e lúcida opção pelo mal (opção das trevas): erro lúcido significa comportamento consciencial patológico, compulsivo, devido a uma brecha cármica, diferente do mal lúcido, opção das trevas.

(2) Magos negros são exímios fujões da reencarnação. Sabem que não podem enganar as leis cármicas e que, por isso, vão sofrer terrivelmente quando reencarnarem — estamos em situação menos grave porque estamos reencarnando periodicamente e, a cada reencarnação, nos melhorando, ainda que à custa de muita dor e sofrimento.

(3) Assediadores extrafísicos perseguem seus desafetos. Os obsessores tentam convencer (mesmo que por meio de sugestões subliminares) os obsediados de que estes não mudaram, mas apenas se esconderam em novos corpos. Não interessa. Estamos enfrentando as difíceis condições de uma reencarnação em um mundo de provas e expiações e, a cada reencarnação, evoluímos, embora nem sempre com a rapidez que gostaríamos.

(4) O problema não é possuir defeitos, mas querer convencer um obsessor a perdoar, quando você também não perdoa. Jamais peça um espírito para fazer o que você ainda não conseguiu. Tenha consciência das suas próprias fissuras. Mais psicologia aplicada, menos demagogia.

(5) Temos compulsão a repetir os erros do passado. É importante tentar melhorar todos os dias e tomar consciência desse processo.

(6) Todo obsessor aproveita as fissuras cármicas, os aspectos negativos da personalidade do obsediado. Faz isso de forma consciente, intencionado à prática do mal. Se você tem essa fissura, a culpa é sua e não do obsessor — ele apenas entra pela porta aberta que temos de suar para fechar em definitivo.

(7) Não importa o que você é, algum bem você pode fazer. Eu uso meu talento de escrever e lecionar, minha mediunidade e projeção (viagem astral). Se você sabe cantar, cante músicas com letras positivas. Se sabe se comunicar verbalmente, fale coisas boas (benéficas à humanidade). Se sabe distribuir sopa, distribua. É importante que faça alguma coisa em prol de todos. Usar este texto somente como oração decorada de nada adianta — tem de ter ressonância em seu coração.

(8) Todos somos falsos em algum nível. Temos, por exemplo, as máscaras do ego, bem como as máscaras sociais, profissionais e sexuais. A pior hipocrisia é a do mal lúcido e consciente, própria de espíritos trevosos que têm a desfaçatez de apontar os erros dos tarefeiros do bem, de gente que, mesmo com suas imperfeções, efetivamente ampara a humanidade, na medida de suas possibilidades.

(9) Há muitos tarefeiros em duras provas cármicas, lutando em sua intimidade solitária para melhorar. Precisamos perseverar. As trevas se alimentam da falta de esperança. O viciado tem tendência a procurar o vício — nestes casos, só o amor auxilia, com eficácia muito além das críticas dos colegas de jornada evolutiva, que não possuem esses vícios, mas possuem outras brechas cármicas também profundas. Se há disputa em casa de assistência, o obsessor já entra se achando o dono da razão.

(10) Sabemos que perdoar é difícil — nem por isso, devemos fazer poupança de ódio ou ressentimento em nossos corações. Tem gente que todo dia deposita mais um pouco de ressentimento na poupança do coração. Se, no momento, não há condições de praticar o perdão, que, ao menos, não sejam alimentados sentimentos tão francamente negativos como o ódio, sintonia certa para obsessores.

(11) Não adianta proselitismo moralista — mais do que não ajudar, atrapalha, por passar a impressão de que só vale a pena a conduta moral ideal, absolutamente irrepreensível, o que nos desanima, considerando o precário estágio evolutivo da humanidade terrestre. Temos nossos rompantes de estupidez. Porém, temos também momentos de bênção e poesia — se não têm, crie-os. A evolução espiritual não se faz da noite para o dia, em saltos quânticos.

(12) Apesar dos nossos rompantes, mantém-se indispensável buscar — intensamente e com sinceridade profunda — a modéstia, a paciência e o perdão sinceros. Conheça a si próprio e se esforce para não repetir os erros passados. Não se culpe, não se condene e procure não deixar a auto-estima cair. É preciso buscar autoconhecimento por meio de meditação e reflexão — técnicas diferentes e igualmente eficientes.

(13) Não somos nem anjos nem monstros — temos atributos de um pouco dos dois. Piores são as trevas que, por escolherem a maldade lúcida, agravam a própria “folha corrida” cármica dia-a-dia, em círculo vicioso. Já nós, pelo menos, avançamos na senda evolutiva, ainda que lentamente.

(14) Orai e vigiai, orai e bioenergizai. Façamos a nossa parte, tendo prudência e vigilância em relação a nossos pensamentos e sentimentos e mantendo as orações e as práticas bioenergéticas em alto nível.

(15) As trevas são covardes: atacam em silêncio, dispondo de invisibilidade e se aproveitando da ignorância e da arrogância humanas. Nós, tarefeiros do bem, apesar de nossos defeitos, temos a virtude de trabalhar com a cara limpa.

(16) A gente tenta, fracassa e, às vezes, desanima. A vida é para isto: perseverar. Se você se entrega, perdeu a razão. Fracassadas são as trevas, que optaram — de forma lúcida e consciente — pela sistemática prática do mal. Terão de pagar ceitil por ceitil, em dezenas de reencarnações.

(17) Quer pobreza de espírito e atraso de vida maiores que vigiar (e fofocar sobre) os erros alheios? Quem faz isso tem a vã pretensão de preencher o vazio interior com o prazer de manchar a reputação dos outros.


Por Dalton Campos Roque

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“Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.”

Allan Kardec.

Liga da Justiça Umbandista

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O Homem de Bem O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem. Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça. Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa. O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor. Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado." Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões. Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus. Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz. Allan Kardec.