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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Exu Pagão e Exu de Lei


Conforme já estudamos no texto “Exu o Guardião do Templo”, na doutrina umbandista seguida pelo Núcleo Mata Verde chamamos de Guardiões aos Exus que trabalham na Umbanda.

Este Guardião é um Exu de Lei e conforme estudado anteriormente possui as seguintes características:

1) Um dia foi um espírito sem rumo, que provavelmente trabalhava negativamente, ou era dominado por espíritos negativos.

2) Em um determinado momento se aproximaram da Lei da Umbanda e mudaram sua forma de pensar e agir, de “vagabundos” passaram a ser os maiores trabalhadores.

3) Foi designado a estes espíritos a função de tomarem conta da Casa de Oxalá, ou seja, tomarem conta do Terreiro de Umbanda, da Lei de Umbanda.

4) São espíritos fortes, e quando necessário, podem usar de meios duros para afastarem e punirem os indesejáveis.

5) São os espíritos responsáveis por todas as encruzilhadas.

Hoje iremos tratar sobre os Exus Pagãos e os Exus de Lei.

Percebemos que atualmente existe um “endeusamento”  dos trabalhadores da Umbanda conhecidos como Exu, alguns autores acabam atribuindo ao Exu características que seriam do próprio criador, o que em nossa opinião é um grande erro.

Por outro lado, existem alguns umbandistas que ainda defendem a ideia que Exu é o demônio, o que é também um grande equívoco.

Normalmente naqueles terreiros, que possuem uma forte influência Católica, o sincretismo com o demônio ainda impera.

Em nossa opinião um dos culpados por esta visão deformada dos Exus na Umbanda foi o escritor Aluizio Fontenelle.

Aluizio Fontenelle foi o primeiro a escrever sobre Exu na Umbanda e na Quimbanda, e no livro Exu apresentou uma relação entre exus e os demônios.

Aluizio teve a infeliz ideia de relacionar os Exus com os diabos das Tradições judaico-cristãs.


Aluizio Fontenelle nasceu em 23/05/1913 e faleceu em 03/01/1952 publicou vários livros sobre Espiritismo e Umbanda.

Infelizmente após este livro, a ideia de que Exu da Umbanda era um ser maligno, ganhou força e dominou a mente de vários umbandistas.

Pessoas de mente fraca, sem conhecimento doutrinário começaram a ver os ditos exus demônios e as imagens dos exus-demônios começaram a proliferar nas lojas especializadas neste tipo de comercio.
 
(Uma Imagem dos "exus-demônios")

Alguns Terreiros chegam ao extremo de não trabalharem com a linha dos Exus, exatamente devido a este preconceito.

Vamos, portanto escrever um pouco sobre este conceito existente na Umbanda.

Até alguns anos atrás era comum você estudar e compreender esta linha de trabalho a partir das nomenclaturas de Exu pagão e Exu de Lei, infelizmente alguns autores deixaram de lado este conhecimento antigo e passaram a endeusar os Exus, gerando muita confusão no meio umbandista, principalmente entre os mais novos, recém-chegados a Umbanda.

É importante lembrar que quando estamos estudando os Exus, é muito importante não misturar fundamentos.

Existe grande diferença entre o conceito de Exu orixá no culto de Nação.

Exu Guardião ou Exu de Lei da Umbanda.

E o Exu da Quimbanda.

Este texto irá estudar o Exu na Umbanda, não nos interessando neste momento outros conceitos existentes nos outros cultos.
 
Uma Imagem Representativa de um Exu Guardião (Exu de Lei)

A Umbanda é um culto voltado a pratica da caridade, é uma religião que tem como finalidade principal promover o encontro de seus adeptos com o criador. Este processo se faz através dos Orixás, Guias Mentores e Protetores.

Na Umbanda não existe a pratica de magia negativa, não se faz amarrações, trabalhos para prejudicar terceiros, vinganças etc.

Em hipótese alguma este tipo de trabalho espiritual é realizado dentro de uma casa de Umbanda.

Se você que está lendo este texto, percebeu que em seu Terreiro é feito alguma espécie de trabalho negativo, abra os olhos e fique atento, pois com toda certeza seu terreiro não é um terreiro de Umbanda.

O que fazemos na Umbanda é exatamente o oposto disso, protegemos todos aqueles que nos procuram e foram vitimas deste tipo de trabalho, ou seja, a Umbanda trabalha desmanchando e neutralizando estes tipos de trabalhos negativos.

Se existem trabalhos de magia negativa, se existem pessoas que procuram os Terreiros de Umbanda em busca de ajuda, porque foram vitimas deste tipo de trabalho, então existem lugares e pessoas que fazem este tipo de prática negativa.

Existem muitos cultos que infelizmente ainda trabalham sem uma orientação, e nestes lugares ainda é pratica comum se fazer qualquer tipo de trabalho espiritual mediante pagamento.

Tradicionalmente existe uma polaridade para diferenciar estes tipos de cultos.

De um lado temos a Umbanda, se colocando como o lado da Luz.



Do outro lado a Quimbanda, se colocando como um culto das trevas.

A polaridade Umbanda e Quimbanda é antiga, e sempre teve a conotação da luz lutando contra as trevas.

Atualmente fizeram uma grande mistura entre cultos diferentes, e acabaram misturando Umbanda com quimbanda.

Chegaram até a diferenciar a palavra Quimbanda de Kimbanda; o que em nossa opinião é uma bobagem criada somente para confundir os iniciantes.

Quimbanda é um culto, tradicional, antigo e que não tem preocupação alguma com o conceito de bem e mal, ou com a Lei de Deus.

Na Quimbanda quem comanda os trabalhos são os Exus, e é prática normal fazerem qualquer tipo de trabalho, sem que haja qualquer ressentimento ou freio moral.

É um culto que pode ajudar, mas infelizmente devido a inferioridade moral das pessoas que a procuram acabam pedindo qualquer tipo de trabalho a estes Exus que trabalham na Quimbanda.

Se procurarem no youtube encontrarão vários vídeos, com os mais diferentes tipos de cultos negativos.

Reparem nestes vídeos, nas imagens dos exus, na música, nas roupas e nas explicações do responsável pelo trabalho.
 
Uma Imagem Representativa de um Exu Guardião (Exu de Lei)

Na Umbanda, existe uma lei maior e todos os Exus que trabalham na Umbanda não fazem qualquer tipo de trabalho negativo, podendo em determinadas situações até orientar o consulente, ou mesmo dar uma lição de moral naquele que vai pedir por este tipo de trabalho.

Lembramos que o comando dos trabalhos na Umbanda, sempre é feito por um Caboclo ou um Preto Velho.

Mas se na Quimbanda o Exu faz trabalhos negativos e na Umbanda o Exu não faz trabalhos negativos o que vai diferenciar estes espíritos?

É aqui que entra o conceito de Exu pagão e Exu de Lei.

Um conceito simples, prático e muito útil para quem está iniciando agora na Umbanda.

Sabedoria antiga, que não deve ser desprezada.

Todos sabemos que os Exus que trabalham na Umbanda e na Quimbanda são espíritos, são seres que já tiveram passagem pela Terra, viveram em nosso meio, portanto são semelhantes a nós.

Não são divindades criadas a parte, para serem eternamente negativos.

São espíritos em processo de evolução e aprendizagem, assim como todos nós.

Alguns espíritos, devido a sua ignorância, orgulho, vaidade, prepotência, apego a matéria ficaram presos a crosta terrestre em processos de vingança e ódio; e sem perceberem acabaram ficando nas mãos de espíritos trevosos.

Estes espíritos negativos e ignorantes, são conhecidos na Umbanda como Kiumbas.

São estes espíritos que acabam indo se manifestar nestes lugares onde não existe a preocupação com a lei maior.

São estes kiumbas que chamamos de Exu Pagão, e aqui é importante chamar a atenção que é somente uma nomenclatura, que serve para diferenciar a natureza destes espíritos.

Ninguém está afirmando que estes espíritos serão batizados por alguma pessoa, ou coisa do gênero, utilizamos a nomenclatura para fazer uma classificação e desta forma permitir a identificação destes seres.

O Exu Pagão nada mais é que um espírito ainda muito apegado a Terra, necessitado de prazeres carnais, que possui vícios, orgulhoso, vaidoso, prepotente e que em algumas situações se considera superior ao próprio criador.
 
Legião de Kiumbas (exu pagão)
Adoram se manifestar utilizando nomes dos demônios, pedem oferendas com carne, sangue, bebidas e sacrifícios de animais.

Naturalmente que este comportamento demonstra o grau da demência destes espíritos.

Já o Exu de Lei, é aquele que trabalha na Umbanda, é um espírito que conhece suas limitações, conhece a lei divina, quer trabalhar para ajudar os necessitados, possui obrigações espirituais dentro de uma casa umbandista.

Atende as ordens superiores, que normalmente são emitidas pelo Caboclo ou Preto Velho, dirigente do Terreiro.

O Exu de Lei já foi um dia um Exu pagão, mas em dado momento encontrou a Lei da Umbanda e passou a seguir o caminho do bem.



É um espírito milenar, conhecedor da magia, conhece muito bem todos os lugares trevosos, sabe muito bem como lidar com estes seres negativos; é por isso que normalmente é o encarregado de tomar conta das passagens que levam aos submundos trevosos.

É forte, duro, determinado, mas nunca irá usar a magia para atacar alguém, sempre estará na defensiva, protegendo, socorrendo.

Muitos já nem consomem mais bebidas, em alguns terreiros seus trabalhos são reservados e servem somente para o descarrego dos médiuns e da casa.

Enquanto o Exu Pagão, na quimbanda utiliza a magia negativa para fazer o mal a alguma pessoa, o Exu de Lei irá utilizar todo seu conhecimento e força para neutralizar a magia negativa e defender a pessoa necessitada.

Exu Pagão ataca enquanto o Exu de Lei defende.

É esta a grande diferença entre eles.

O Exu de Lei na Umbanda é o Guardião.

É ele o encarregado de guardar e proteger o Terreiro, o médium, seu lar etc.

Podemos dizer que os Exus de Lei da Umbanda são a tropa de choque do Terreiro.



Agora que você já sabe a diferença entre Exu Pagão (Kiumba) do Exu de Lei (Guardião) ficou fácil diferenciar as casas onde se trabalha com a Umbanda, das casas onde se trabalha com a Umbanda cruzada com a Quimbanda.

Aqui é importante fazer uma ressalva.

Alguns Terreiros de Umbanda costumam chamar a gira dos Guardiões de Quimbanda, mas neste caso não se trata de outro culto; é somente uma nomenclatura utilizada para se referir aos trabalhos dos Guardiões.

Mas existem Terreiros que “viram” para a esquerda, para a Quimbanda.

Neste caso são casas cruzadas, onde se trabalha com a Umbanda e com a Quimbanda.

Nestas casas cruzadas, existe o pagamento pelo trabalho espiritual realizado, oferendas com sangue, carne, ou sacrifício de animais etc.

Em nossa humilde opinião, é uma contradição; não sendo possível seguir a lei da Umbanda em determinados dias e a Quimbanda (magia negativa) em outros dias.

Ou você é quimbandeiro e talvez um dia enxergue a luz e siga a Umbanda, ou é Umbandista e já deixou para trás há muito tempo o caminho das trevas, pois a partir do momento que se conhece o caminho da luz não é possível querer retroagir e voltar a seguir o caminho das trevas.

Umbandista fique atento!

Saravá Umbanda!

São Vicente, 28/10/2013

Por Manoel Lopes

Exu o Guardião do Templo

Exu é uma linha de trabalho bastante complexa e polêmica, e devido a falta de informações e preconceitos que foram se formando durantes os anos, desperta muita curiosidade entre os umbandistas e demais estudiosos da Umbanda.

Fazemos logo de início um alerta: É muito importante não misturarmos os conceitos da Umbanda, com os conceitos do Candomblé e nem da Quimbanda.

Iniciamos, portanto nosso estudo com algumas premissas:

1) Exu na doutrina de Umbanda é considerado um Guardião.

2) Existem visões totalmente diferentes entre os cultos de Umbanda, Quimbanda e Candomblé.

3) Muito diferente é o conceito de Exu, espírito trabalhador da Umbanda e da Quimbanda, do Exu Orixá.

4) Na Umbanda trabalhamos com a linha de Exu, ou seja, espíritos que atuam e possuem trabalho bem definido dentro da religião de Umbanda.

5) Exu no Candomblé é um Orixá, idêntico aos demais orixás, irmão de Ogum e Oxossi. Podem ser entendidos como forças universais.

6) Exu na Quimbanda tem um papel bem diferente do Exu na Umbanda.

Para nós tanto faz chamarmos de Quimbanda ou Kimbanda.

Neste caso estamos nos referindo a outro tipo de culto, diferente da Umbanda e que não segue a lei da Umbanda, um culto onde não existem “limites” morais para os “trabalhos espirituais” realizados.

Iremos aos poucos elucidando cada uma das questões apresentadas acima.

Hoje quero iniciar esta série de textos com um mito de Oxalá e Exu.


Este mito pode ser encontrado no livro “Mitologia dos Orixás” de Reginaldo Prandi, às fls. 40.

Segue abaixo o mito na íntegra.


Exu ganha o poder sobre as Encruzilhadas.

Exu não tinha riqueza, não tinha fazenda, não tinha rio, não tinha profissão, nem artes, nem missão.
Exu vagabundeava pelo mundo sem paradeiro.
Então um dia, Exu passou a ir à casa de Oxalá.
Ia à casa de Oxalá todos os dias.
Na casa de Oxalá, exu se distraia, 
vendo o velho fabricando os seres humanos.
Muitos e muitos também vinham visitar Oxalá,
mas ali ficavam pouco.
Quatro dias, oito dias, e nada aprendiam.
Traziam oferendas, viam o velho orixá,
apreciavam sua obra e partiam.
Exu ficou na casa de Oxalá dezesseis anos.
Exu prestava muita atenção na modelagem
e aprendeu como Oxalá fabricava
as mãos, os pés, a boca, os olhos, o pênis dos homens,
as mãos, os pés, a boca, os olhos, a vagina das mulheres.
Durante dezesseis anos ali ficou ajudando o velho orixá.
Exu não perguntava.
Exu observava.
Exu prestava atenção.
Exu aprendeu tudo.
Um dia Oxalá disse a Exu para ir postar-se na encruzilhada por onde passavam os que vinham à sua casa.
Para fica ali e não deixar passar quem não trouxesse uma oferenda a Oxalá.
Cada vez mais havia mais humanos para Oxalá fazer.
Oxalá não queria perder tempo
recolhendo os presentes que todos lhe ofereciam.
Oxalá nem tinha tempo para as visitas.
Exu tinha aprendido tudo e agora podia ajudar Oxalá.
Exu coletava os ebós para Oxalá.
Exu recebia as oferendas e as entregava a Oxalá.
Exu fazia bem o seu trabalho
e Oxalá decidiu recompensá-lo.
Assim, quem viesse à casa de Oxalá
teria que pagar também alguma coisa a Exu.
Quem estivesse voltando da casa de Oxalá
também pagaria alguma coisa a Exu.
Exu mantinha-se sempre a postos
guardando a casa de Oxalá.
Armado de um ogó, poderoso porrete,
afastava os indesejáveis
e punia quem tentasse burlar sua vigilância.
Exu trabalhava demais e fez ali sua casa,
ali na encruzilhada.
Ganhou uma rendosa profissão, ganhou seu lugar, sua casa.
Exu ficou rico e poderoso.
Ninguém pode mais passar pela encruzilhada
sem pagar alguma coisa a Exu.

Vamos reinterpretar este mito, através de uma visão umbandista.

Naturalmente que iremos nos referir a linha dos Exus, espíritos e não ao Orixá Exu da Nação.

Iremos destacar alguns trechos do mito acima apresentado:

“Exu não tinha riqueza, não tinha fazenda, não tinha rio, não tinha profissão, nem artes, nem missão.
Exu vagabundeava pelo mundo sem paradeiro.”

Entendemos que todos os Exus que trabalham em Terreiros de Umbanda, possuem compromissos sérios com a lei da Umbanda. São trabalhadores da espiritualidade, chamamos estes exus de Exus de Lei.

Nem sempre estes espíritos foram Exus de Lei, existiu uma época em que eram espíritos que estavam perdidos, sem nenhum compromisso com o bem, com a lei divina, com a evolução e com a espiritualidade. É isso o que diz este trecho “Exu vagabundeava pelo mundo sem paradeiro, Exu não tinha missão”.

Vamos continuar com a leitura:

“Então um dia, Exu passou a ir à casa de Oxalá.
Ia à casa de Oxalá todos os dias.
Na casa de Oxalá, exu se distraia, 
vendo o velho fabricando os seres humanos.”

Aqui vamos, por analogia, chamar de Casa de Oxalá o Terreiro de Umbanda.

Todos sabem que praticamente não existe Terreiro de Umbanda que não tenha no alto, em cima do Congá uma imagem de Oxalá.

Oxalá na Umbanda é sincretizado com Jesus, e com certeza é o principal orixá cultuado na Umbanda.

Podemos afirmar que todo Terreiro de Umbanda é considerado uma Casa de Oxalá, uma casa de caridade, de bênçãos, de amor e espiritualidade.

Voltando ao texto do mito, entendemos então que estes espíritos que vagavam pelo mundo, sem rumo, se aproximaram do Terreiro de Umbanda, e aqui podemos estender o conceito de Terreiro para a própria Umbanda.

Estes espíritos vieram para a Umbanda, e passaram a observar o que se fazia dentro dos Terreiros.

Continuando a leitura do texto:

“Muitos e muitos também vinham visitar Oxalá,
mas ali ficavam pouco.
Quatro dias, oito dias, e nada aprendiam.
Traziam oferendas, viam o velho orixá,
apreciavam sua obra e partiam.
Exu ficou na casa de Oxalá dezesseis anos.
Exu prestava muita atenção na modelagem
e aprendeu como Oxalá fabricava
as mãos, os pés, a boca, os olhos, o pênis dos homens,
as mãos, os pés, a boca, os olhos, a vagina das mulheres.”

Muito são os espíritos que se aproximam dos Terreiros de Umbanda, se aproximam da Lei de Umbanda, mas nada aprendem e se afastam.

Continuam a vagar sem rumo pelo espaço.

Exu por sua vez continuou no Terreiro, observou, prestou atenção, teve paciência, estudou, aprendeu com o Mestre Oxalá.

“Exu não perguntava.
Exu observava.
Exu prestava atenção.
Exu aprendeu tudo.
Um dia Oxalá disse a Exu para ir postar-se na encruzilhada por onde passavam os que vinham à sua casa.”

Estes espíritos que ficavam, que observavam, que estudavam, que prestavam atenção e que adquiriram o conhecimento maior, ficaram nos Terreiros.

Foi então lhes dado a missão de cuidarem das encruzilhadas, por onde passavam todas as pessoas que se dirigiam a Casa de Oxalá.

São as tronqueiras existentes em todos os Terreiros e que ficam exatamente na entrada do Terreiro, lugar por onde deve passar todos os que entram e todos os que saem.

“Exu mantinha-se sempre a postos
guardando a casa de Oxalá.
Armado de um ogó, poderoso porrete,
afastava os indesejáveis
e punia quem tentasse burlar sua vigilância.”

Aqui verificamos qual a função do Exu da Umbanda, que é a da proteção ao Terreiro, a Casa de Oxalá.

São os Exus os Guardiões do Templo, os Guardiões da Lei da Umbanda.

“Exu trabalhava demais e fez ali sua casa,
ali na encruzilhada.
Ganhou uma rendosa profissão, ganhou seu lugar, sua casa.
Exu ficou rico e poderoso.
Ninguém pode mais passar pela encruzilhada
sem pagar alguma coisa a Exu.”

Verifica-se no texto que os Exus passaram a ser os grandes trabalhadores da Umbanda e passaram a ter um papel muito importante na Umbanda.


Finaliza o mito afirmando que Exu ficou sendo o responsável por todas as encruzilhadas.

Finalizamos este primeiro texto destacando algumas características importantes do Exu de Lei, o Guardião da Umbanda:

1)     Um dia foi um espírito sem rumo, que provavelmente trabalhava negativamente, ou era dominado por espíritos negativos.

2)     Em um determinado momento se aproximaram da Lei da Umbanda e mudaram sua forma de pensar e agir, de “vagabundos” passaram a ser os maiores trabalhadores.

3)     Foi designado a estes espíritos a função de tomarem conta da Casa de Oxalá, ou seja, tomarem conta do Terreiro de Umbanda, da Lei de Umbanda.

4)     São espíritos fortes, e quando necessário, podem usar de meios duros para afastarem e punirem os indesejáveis.

5)     São os espíritos responsáveis por todas as encruzilhadas.

Encerramos aqui esta rápida reflexão sobre o Guardião, nos próximos textos estaremos aprofundando as questões abordadas acima.

Saravá Exu das Sete Encruzilhadas!

Saravá Umbanda!

São Vicente, 23/07/2013

Por Manoel Lopes – Dirigente do Núcleo Mata Verde

*Texto adaptado para o nosso Blog Exu e Pomba Gira na Umbanda.
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Não haveria luz se não fosse a escuridão...

“Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.”

Allan Kardec.

Liga da Justiça Umbandista

Liga da Justiça Umbandista
O Homem de Bem O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem. Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar. Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça. Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa. O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor. Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado." Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões. Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente. Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus. Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz. Allan Kardec.